04/22 2013

A Rebelião de Lúcifer

Lúcifer foi um dos mais brilhantes filhos da Ordem dos Lanonandeks Primários do Universo Local de Nébadon. Tinha excepcional experiência nos assuntos de administração cósmica e sua sabedoria, sagacidade e eficácia sempre haviam sido reconhecidas. Fora designado pela Comissão dos Melquisedeques entre os cem mais capazes e brilhantes de sua ordem que soma mais de 700 mil. Antes levava o número 37 de sua ordem, agora é numerado como um dos três Soberanos de Sistemas em Nebadon que sucumbiram ao impulso do ego e se renderam ao sofisma de uma liberdade pessoal e espúria. Dele se tinha dito: 'Fostes perfeito em todos os sentidos desde o momento em que foste criado até o momento em que a iniqüidade se aninhou em ti.'

Antes de explodir a rebelião, Lúcifer e Satã haviam reinado pelo espaço de mais de 500.000 anos terrestres. Muitas vezes havia estado em conselho com os Altíssimos de Edentia n Montanha Sagrada de Deus, a montanha administrativa de Jerusem, pois era chefe executivo de uma grande sistema de 607 mundos habitados: Satania.

Muito pouco se ouviu falar de Lúcifer em Urantia devido ele ter nomeado Satã para defender sua causa no planeta. Satã também é da Ordem dos Lanonandeks Primários, apesar de nunca ter atuado como Soberano Sistêmico, participou efetivamente da insurreição. O “diabo” que muito se ouve falar, não é outro senão Caligastia, o Príncipe Planetário deposto de Urantia, um Filho da Ordem dos Lanonandeks Secundários. Na ocasião que Micael estava na carne em Urantia, Lúcifer, Satã e Caligastia se aliaram na tentativa de fazer fracassar a missão auto-outorgamento de Cristo Micael, obviamente, fracassaram. Abadon era o chefe do séqüito de Caligastia e também seguiu seu mestre na rebelião, e desde então agiu como chefe executivo dos rebeldes de Urantia. Belzebu era o líder das criaturas medianas desleais que haviam se aliado à rebelião.

Lúcifer e seu primeiro assistente, Satã, haviam reinado em Jerusem por mais de 500 mil anos, quando em seus corações começaram a se formar contra o Pai Universal e seu Filho Micael. Não houve nenhuma condição peculiar ou especial que pudesse favorecer ou justificar a revolta de Lúcifer. Sua vontade de opor-se aos planos divinos foi uma iniciativa individual, lenta e firmemente amadurecida durante mais de cem anos do tempo padrão, originadas de sua própria mente. Antes de decidir-se a expor seus pensamentos, Lúcifer jamais se manifestara contrário ao sistema administrativo do universo. Sua lealdade para com os chefes supremos era sincera e suas relações para com o Filho Criador Micael eram profundas e cordiais. Apesar do seu silêncio o União de Dias de Salvington havia comunicado ao Filho Criador e aos Pais da Constelação de Norlatiadek que não reinava paz completa na mente de Lúcifer. Ao longo de um certo período Lúcifer se tornava cada vez mais crítico ao plano administrativo do universo, todavia mantinha sua lealdade sincera aos Governantes Supremos. Sua primeira deslealdade aberta foi manifestada à ocasião de uma visita de Gabriel a Jerusem alguns dias antes da proclamação aberta da Declaração Luciferiana de Liberdade. Antes de tudo anunciou seus planos a Satã, e isso lhe exigiu vários meses para corromper aquela mente capaz e brilhante. Porém, uma vez convertido às teorias rebeldes, Satã tornou-se um defensor corajoso e sério de Lúcifer e de suas idéias equivocadas de liberdade.

E no último dia do ano, durante o conclave anual de Satânia, em presença das multidões reunidas em Jerusem, no mar de cristal, Satã deu a conhecer a chamado Manifesto da Liberdade, que compreendia, principalmente, os seguintes pontos:

1. A realidade do Pai universal: Lúcifer aventava que o Pai Universal não existia e que a gravidade física e a energia espacial eram inerentes ao universo. O Pai era um mito inventado pelos Filhos do Paraíso para permitir-lhes manter seu próprio poder sobre todos os universos. Negava também que a personalidade fosse um dom do Pai Universal e insinuava que existia um complô entre os Filhos do Paraíso para introduzir uma gigantesca fraude em toda a criação. Essa afirmação se baseava no fato de não existir uma idéia clara da natureza e personalidade reais do Pai. Acusou os Finalistas de conspiração com os Filhos Paradisíacos afim de sustentar uma fraude em toda a Criação. A acusação era enorme, terrível e blasfema.

2. O governo universal de Micael, o Criador: Lúcifer sustentava em seu manifesto que os sistemas locais de planetas deveriam ser autônomos, e protestava contra o direito que se arrogava Micael de assumir a soberania de Nebadon em nome do 'hipotético' Pai Universal Paradisíaco. Considerou que todo esse plano de culto era só um estratagema para servir a ambição dos Filhos do Paraíso. Entretanto, admitiu Miguel como seu Pai-Criador, mas não como seu Deus e legítimo chefe. Atacou violentamente os direitos dos Anciãos de Dias, acusando-os de intrometer-se nos assuntos próprios dos sistemas e universais locais e qualificando-os como tiranos e usurpadores.

3. O ataque ao plano universal de educação dos mortais ascendentes: Lúcifer sustentava que o tempo e a energia gastos na instrução dos mortais ascendentes era um desperdício, excessivo e desproporcional uso de energia. Que a preparação dos humanos evolucionários era muito prolongado para um destino tão desconhecido e fictício. Apontando os Finalistas que se achavam presente, anunciou que aqueles não tinham encontrado outro destino mais glorioso que o de serem devolvidos a humildes planetas semelhantes ao de sua origem, sugerindo que tinham sido corrompidos por um excesso de disciplina e por um treinamento prolongado e acusando-os de traição a seus irmãos humanos

Após a leitura e proclamação do MANIFESTO DA LIBERDADE, Satã se dirigiu as multidões atônitas congregadas em Jerusem, a capital do sistema de Satânia, declarando que se podia adorar as forças universais físicas, intelectuais e espirituais, mas que tão-só a Lúcifer se devia obediência, pois era o chefe atual e real 'amigo dos humanos e anjos' e o 'Deus da Liberdade'. Lúcifer afirmava que todo governo devia limitar-se aos planetas locais, prometendo autoridade suprema a todos os Príncipes Planetários. Sustentava que todas as funções de governo deviam concentrar-se nas capitais dos sistemas e estabeleceu sua própria assembléia legislativa, organizando seus próprios tribunais sob a jurisdição de Satã. Todos o rebeldes aliados prestaram juramento de lealdade ao novo governo do sistema.

Ocorreram duas outras rebeliões como essa em Nebadon, em constelações distantes, e Lúcifer argumentava que tais insurreições não tiveram êxito porque a maioria dos seres se absteve de seguir os líderes. Quando a rebelião já havia se estendido e firmado em 37 dos 619 planetas habitados, Micael pediu a Emmanuel, seu irmão paradisíaco, que o aconselhasse. Foi lhe oferecido clemência. Lúcifer recusou, declarando que tal perdão era apenas uma prova a mais da incapacidade dos Filhos do Paraíso para conter a rebelião. Desafiou Micael, Emanuel e os Anciãos de Dias por não terem tomado providência alguma contra a rebelião, como prova positiva da impotência das autoridades universais e supra-universais. Desde o momento em que estourou a rebelião até o dia de sua coroação como Soberano Universal de Nebadon, Micael jamais interferiu nas forças rebeldes de Lúcifer, permitindo que a rebelião seguisse seu curso livremente por quase 200 mil anos. Posto que Micael preferiu manter-se à margem da rebelião, Gabriel convocou seu séqüito pessoal em Edentia e por conselho do Altíssimos, assumiu o comando das hostes leais de Satânia

Gabriel se dirigiu a Jerusem, instalando-se na esfera consagrada ao Pai Universal. Ali, em presença das multidões leais, desdobrou o estandarte de Miguel: A bandeira branca com os três círculos concêntricos e azuis no centro, símbolo do Governo Trinitário da Criação. Lúcifer, por sua vez, desdobrou sua própria bandeira: Branca, também, com um círculo vermelho e outro menor, negro, no centro. E houve guerra nos céus. Gabriel e seus anjos combateram e lutaram contra o Dragão - Lúcifer, Satã e os príncipes planetários rebeldes. Mas essa 'guerra' não foi uma batalha física como conhecemos. Não se tratava de uma de nossas bárbaras contendas, onde se perde a vida física e corporal. Mas sim em um plano espiritual.

As notícias da proclamação do Manifesto da Liberdade, em Jerusem, haviam chegado então, às autoridades supremas celestes, e o sistema de Satânia foi isolado. A partir desse momento, o nosso mundo, como os demais, ficou incomunicável. E todos os grupos celestes, que se achavam presentes em Urantia (fixos ou em trânsito) ficaram insulados, sem prévio aviso.

E esse insulamento se estabelece sobre nós até os dias de hoje.